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Você vive para agradar os outros? [2018]

Olá, pessoal!


O que eu posso fazer por você?


       Todos, mais cedo ou mais tarde, aprendemos que viver é conviver
       Alguns de nós preferem uma vida mais reservada, enquanto outros são mais sociáveis e adoram estar em grupo. Mas, seja lá como for, a convivência é algo do que não conseguimos escapar.

       E o que é conviver? Conviver é negociar. Negociamos espaço, interesses, tempo, prioridades, opiniões, e todos os outros elementos que estruturam a nossa vida social. Podemos mesmo dizer que os melhores na arte da negociação são os mais bem-sucedidos.

       Há, no entanto, aspectos da vida que jamais deveriam ser negociados ou mesmo "vendidos". 

       A nossa identidade, para começar. 

       As nossas necessidades e sonhos pessoais, para ir mais além.

       Mas, espera aí. 

       Será mesmo que alguém, de livre e espontânea vontade, vai se esquecer de si, se anular, deicar de lado os seus interesses, somente para tentar estar sempre de bem com os outros?

       Sim. Vai. É absurdo, mas acontece. 

       É um dos fenômenos psico-sociais mais comuns. As pessoas vivem para agradar as outras, mesmo que com o tempo isso as matem. 

       Há quem siga nesse caminho destrutivo até o fim, literalmente.

       Por que alguém faz isso? O que pretende ganhar? 

       Algo esse indivíduo deve ter em mente como vantagem, a ponto de se abandonar em função dos outros.

       Antes de demonstrarmos a mecânica do processo, lá vai: nós nos anulamos para sermos felizes

       Oi? 

       Calma. Convidamos você a descer ao labirinto emocional no qual alguns de nós enveredam para justificar essa atitude no mínimo esquisita:


1 - Você não sabe quem é

       É aqui onde toda a desgraça começa. Você não sabe quem é e onde está. Você está perdido, e por isso com medo. 

       O medo faz você se apegar a qualquer coisa. 

       Não sei se já usamos esse exemplo aqui, mas imagine uma pessoa que naufragou e está se afogando. Se sentido perdida e desasistida, ela vai agarrar qualquer coisa sólida à sua volta, ainda que seja o rabo de um tubarão.

       Entendeu? 

       Gente que está perdida e sem identidade no mar das relações, tende a fazer de tudo para se encaixar e conviver. E o querer agradar é uma tentativa de se integrar. 

       E a forma desesperada que encontra de fazer isso é tentar se comportar como ela acha que os outros gostariam. 

       Daí fica fácil prever o comportamento dessa pessoa: 

       Todos os seus interesses, opiniões e desejos serão todos sufocados e enterrados, para que ela possa corresponder às necessidades dos outros. 

       Ela não sabe ainda, mas está indo no sentido oposto ao que pretendia.

       O pior é que quanto mais ela faz, mais exigirão dela. 

       As críticas não param. Alguns indivíduos são sádicos por natureza e farão de tudo para que a pessoa, ansiosa em agradar, se esforce e se afunde cada vez mais em sua atitude auto depreciativa e destrutiva. 

       Mas de onde vem essa necessidade doentia que muitos de nós temos de agradar aos outros? 

       A psiquiatra Sherry Pagoto, do Departamento de Medicina da Universidade de Massachussets, nos esclarece: 

       Normalmente, a intensa necessidade de agradar e cuidar tem suas raízes no medo da rejeição e/ou no medo de falhar. O medo da rejeição está por trás do 'Se eu não não fizer tudo o que posso para fazer as pessoas felizes, elas não vão mais ligar para mim e vão me deixar'. Tal medo pode vir de antigas relações nas quais o amor era condicionado ou daquelas em que a pessoas foi abandonada ou rejeitada por alguém importante (um pai que foi embora ou que era emocionalmente indisponível ou cuja presença não era marcante). O medo de falhar provém do 'Se eu cometer um erro, eles vão ficar desapontados comigo e vão me punir". Tal medo  pode surgir de experiências anteriores que resultaram de punições severas por causa de erros mínimos. Quem teve pais muito críticos, pode desenvolver essa tendência de agradar todo mundo. Quaisquer experiências de antes, baseadas em críticas e castigos extremos pode levar alguém a ansiedade toda vez que executar uma tarefa."

       A psiquiatra pontua que mesmo quando essas pessoas já se foram, a ansiedade que elas geraram vai permanecer por  muito tempo ainda na vida dos que ficam.
Você vive para agradar os outros? [2017]
Viver para agradar: autodestruição silenciosa

       Portanto, o caminho para se livrar dessa tendência é o autoconhecimento que leva a descoberta de seus valores e interesses pessoais. 
       À medida que esse processo acontece, você irá se reconhecendo e reforçando o seu senso de indentidade

       Só quando você se ver como um indivíduo que tem direitos, poderá se apartar desse comportamento viciante de agradar para se sentir querido e aceito.

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2 -"Ninguém me ama, ninguém me quer"

       Acho que essa daqui todo mundo intuitivamente sabe, mas ainda assim pratica. E os mais conscientes disso são os que mais sofrem. Mas continuam fazendo.

       "Se eu fazendo, já não gostam de mim, imagina se eu parar de agradá-los?". Eles sabem que você pensa assim, e por isso oprimirão você até não sobrar mais nada que poderíamos chamar de pessoa humana.

      Se você não se respeita e não reconhece os seus valores pessoais, você acha mesmo que eles, lá de fora, que só tem o próprio umbigo como referência, vão em alguma momento pensar em respeitar e ter algum apreço por você? 

       Esqueça. Não é assim que funciona! 

       Nós seres humanos somos naturalmente egoístas. A única razão pela qual escolhemos viver em grupo é porque isso torna a vida mais fácil e porque certas necessidades - como o sexo - depende de um parceiro.

      Você terá que descobrir o seu valor, se respeitar. E isso ao ser externado de maneira confiante, os forçará a reconhecê-lo e os obrigará a respeitá-lo. 

       Se você já agora olhasse, notaria que os lá de fora já lhe ensinam muita coisa, ainda que não façam isso conscientemente. 
       Tente ver como eles cuidam de si mesmos. Veja como os interesses deles e a própria satisfação pessoal são sempre uma prioridade. Note como eles são capazes de tudo, seja mentir, enganar, derrubar a quem quer que seja, só para garantirem o seu bem-estar.

       Não é que você terá de imitá-los, o que seria outro comportamento absurdo e sem identidade. Mas você pode se inspirar nisso para começar a se priorizar.


Você vive para agradar os outros?
Por que viver para agradar?


       Faça um favor para si e se descubra, perceba as suas qualidades. Tome o tempo necessário para se observar e se cuidar

       Pagoto usa o exemplo do motorista de um caminhão da Cruz Vermelha que, para levar água e comida para feridos de uma tragédia natural, precisa de vez em quanto recarregar e abastecer o veículo. Se ele não cuidar disso, logo ele vai travar à beira da estrada, sem poder ajudar ninguém.      
    
       Tome essa analogia do motorista para você. Se você não estiver preparado, suprido e abastecido de tudo o que é saudável e necessário, sua energia e vitalidade para ajudar os outros não vão durar muito tempo não.


3 - Você é um prestador de serviços

       Gente perdida e sem amor próprio, quando se relaciona não estabelece intimidade, mas uma relação de dependência.

       Já percebeu que todas as suas relações foram ou ainda são baseadas num acordo comercial, você fazendo favores e os outros lhe dando migalhas afetivas? Ah, e você já notou que no final tanto eles parecem frustrados como você também nunca está ou termina feliz?

       É que você não tem o que afetivamente oferecer. Geralmente, e como sempre, está na sua busca enlouquecida por apreciação e aprovação. Os outros, percebendo isso, sem cerimônias, tiram de você tudo o que podem em troca de algumas migalhas de atenção. 

       Isso se nota facilmente numa relação amorosa. Você vai ter de estar sempre a fim, sorridente, e disponível para tudo o que o outro exigir, do contrário você ficará sem sua dose de apreciação. 

       Você dá e se dá, mas não recebe. Não como gostaria. O outro (por causa do seu jeito) sabe que você está viciada na droga da aprovação, e vai apertar o botão da rejeição sempre que precisar para ajustar você aos interesses dele.

       A independência emocional é a chave para a liberdade e a felicidade aqui. E ela só vem quando o seu senso de dignidade estiver robusto e bem definido, quando você não tiver mais empenhada em fazer favores para se sentir querida e amada.

       Mostre as suas necessidades e exija o direito de satisfazê-las. Numa relação, ambos tem de crescer, aproveitar e serem felizes em todos os sentidos. Relacionamento é intimidade e afetividade e jamais um acordo de co-dependência.


4 - Você se deixar abusar

       Vai dizer que isso não é a mais pura verdade? Bem, ao menos para os outros é assim que eles veem.

       Esse desejo exagerado de ser querido e aprovado a qualquer custo sempre fez de você um fantoche na mão de todo mundo, não foi? 

       As memórias vem todas à tona agora. Está lembrando de todas as pessoas - mesmo parentes e amigos -, os colegas de trabalho em todas as empresas pelas quais passou, ou ainda na época da escola, que sempre abusavam de você? 

       E teve aquele romance que não deu certo. Pode ter sido  por mil razões. Mas, vem cá. Nós sabemos que a razão que mais machuca você agora é se dar conta de que o durante talvez tivesse sido mais digno, se você tivesse ficado mais do seu lado ao invés de "compreender demais" a outra pessoa, não é? 
       Pois é...

       O mesmo se poderia dizer daquele chefe que sempre conseguia de você o que queria. Nem todas aquelas concessões eram em prol de sua carreira profissional, é claro. Era a sua fome por elogio e reconhecimento, que lhe mantinha cativo!

       O que leva também algumas pessoas a manterem esse comportamento doentio é que elas se convencem de que os outros precisam mais de ajuda do que elas. É a desculpa que o vício precisa para se perpetuar.
       É um grande engano. Todos temos desejos e interesses próprios e jamais devemos sufocá-los e ignorá-los por quem quer que seja. Fingir sermos mais evoluídos do que realmente somos não nos torna melhores, apenas aumenta a nossa raiva por não sabermos nos defender.

       Se imponha. A psiquiatra Pagoto nos lembra: "Nós ensinamos como as pessoas devem nos tratar pela maneira como aceitamos ou rejeitamos o modo com que eles nos tratam. Quando alguém tira vantagem de você, a culpa é dele na primeira vez. Depois, você precisa deixar claro que as coisas são diferentes"
   
       É normal nesses casos, ao reagir pela primeira vez, as pessoas não gostarem da sua rebeldia e fazerem chantagem emocional ou serem agressivas. "Afinal, por que você deixou de ser tão bonzinho"?
      Não recue. Não sinta culpa. E seja firme ao dizer "não". Com o tempo elas aprenderão que você resolveu assumir o seu lugar devido.

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5 - Você vai acabar doente 

       As pessoas que vivem para agradar entram num círculo vicioso do tipo: 
       Agrado para ser amado > Não sou amado > preciso agradar.
       Isso leva a um stress crônico. O stress surge quando você tem mais demandas do que consegue lidar, nos alerta Pagoto. 

       Entenda que quando você cair, por que isso vai acontecer, as pessoas não vão se importar em ajudar alguém de tão pouco valor, que não se importava nem consigo. Nem a pena é suficiente para movê-las.

       Oras, não é alguém que se doa, se entrega, se anula pelos outros que vai ser digno de amor e admiração? 
       Não. Lamento dizer, mas isso só funciona em certas cartilhas de espiritualidades religiosas tradicionais e atrasadas. 
       E, claro, em cabeças dominadas pelo medo da rejeição, pelo medo de falhar e viciadas em agradar.

       Eis uma verdade chocante da vida: as pessoas só dão valor a quem se dá valor

       Berni Sewell, em quem busquei inspiração para esse post, e que viveu durante muito tempo para agradar os outros, explica:
       "Quando eu vi o quanto de prejuízo o meu desejo de agradar causou a minha vida, eu notei que tinha de parar. Era a vez de eu interromper esse vício. Eu teria de aprender a dizer não."

       E ela, enfim, chegou à raíz do problema:
       "Eu me convenci de que os outros só me tolerariam enquanto eu fosse útil, contribuísse dando a minha parte, e provasse o meu valor. O meu maior medo era que eles me abandonassem se eu não concordasse, os deixasse desapontados e sequer ousasse dizer 'não'."

       Foi difícil, ela narra. Ela passou por sentimento de culpa, auto depreciação, dúvida, mas esse foi o caminho pelo qual ela chegou a consciência de que lhe faltava: o senso de valor pessoal - dignidade. E com muita dificuldade, ela conseguiu.

       Ser respeitado não tem nada a ver com ser gostado. Mesmo quando esse gostar é genuíno. 
       Ser respeitado tem a ver com ter valores e limites pessoais reconheíveis.

       Veja os artistas. Só estão em alta quando agradam. As pessoas gostam deles porque eles as emocionam. Quando eles "perdem a graça", o que sobra? No máximo os antigos fãs sentem pena e saudade do tempo que seus ídolos era "agradável". 
       Se ele não conquistou respeito, não haverá nem memória dele.

       Respeito tem a ver com dignidade. Elas olham e veem uma pessoa que se valoriza, que tem limites de convivência definidos e inegociáveis. Alguém contra quem elas não podem se insurgir impunemente.

       É como uma parede na sua frente. Você pode não gostar dela, de sua cor e consistência, mas se você quiser passar, terá de se desviar dela. Que tal se tornar a sua própria parede?
Você vive para agradar os outros? [2017]
Viver: respeitar e agradar a você antes de mais nada!

       Ser gostado porque você é útil, não garante carinho e amor. Garante aplausos e elogios, por um tempo.

       Ser respeitado, no entanto, estabelece limites para o seu próprio bem estar, faz as pessoas lhe reconhecerem como indivíduo digno e, por que não dizer, faz eles sentirem até admiração por você. 

       Você vai até inspirá-los!

   

       A lição que de todos os modos você vai sempre aprender com a vida é: 
       O que quer que você faça, nunca ponha os outros em primeiro lugar em detrimento de si

       É o que podemos chamar de "egoísmo necessário". Sem ele você não sobrevive.

       Só quando você estiver firme, forte e bem estabelecido, aí, sim, você poderá, se quiser e também para facilitar a convivência social, se voltar para as necessidades alheias.

       Fica a dica!


Até mais!


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